sexta-feira, 30 de março de 2012

Proselitismo & Liberdade de Culto Religioso

"Praticante de Candomblé, aluno diz sofrer bullying após aulas com leitura de bíblia.

Um estudante de 15 anos teria sido alvo de bullying em uma escola estadual de São Bernardo do Campo por causa de sua religião – o candomblé. As provocações começaram após o jovem se recusar a participar de orações e da leitura da Bíblia durante as aulas de história, ministradas por uma professora evangélica (...).

Segundo o pai do aluno, Sebastião da Silveira, 63, faz dois anos que o filho comenta que a professora utilizava os primeiros vinte minutos da aula para falar sobre a sua religião. 'O menino reclamava e eu dizia para ele deixar isso de lado, para não criar caso. Ela lia a Bíblia e pedia para os alunos abaixarem a cabeça, mas isso ele não fazia, porque não faz parte da crença dele', disse.

Silveira acredita que a atitude da professora incentivou os alunos a iniciarem uma 'perseguição religiosa' contra seu filho.(...) A pedido da família, o menino foi trocado de sala, mas não quer mais ir para a escola e apresenta problemas de fala, como gagueira, e ansiedade."
Por Suellen Smosinki

Leia a reportagem na íntegra em :

A reportagem acima me chamou atenção pelo fato de que nós brasileiros vivemos em um estado laico, ou seja, nosso estado deve ser totalmente neutro em relação as questões religiosas, tratando todos os cidadãos com imparcialidade em relação a sua opção espiritual.
Se por ventura um homem vive em uma nação cuja moral diz que este deve ter liberdade de culto religioso, não é cabível aos meus olhos que um profissional da educação, desconheça tal fato e ainda, seja capaz de incentivar o proselitismo (qualquer ação com intuito e conquistar adeptos para determinada crença) em adolescentes de 15 anos. 

Se um homem possui a liberdade de escolha e o estado o protege por isso, não vejo motivos para que exista qualquer forma de opressão, e ainda, tentativa de converter suas convicções.

Ora, caso você se encontre em um meio no qual uma maioria é adepta a tal culto e você não, o mínimo que deve existir entre ambos é o respeito mútuo. O jovem tem todo o direito de não participar das orações e não abaixar a cabeça, e também tem todo direito de ser respeitado pelos outros por sua atitude, inclusive por sua professora, afinal, o proselitismo religioso é vetado nas unidades estaduais, conforme a Lei de Diretrizes e Bases.

Ainda sim, não existem justificativas para essa atitude, não posso julgar se o que a professora faz é errado, mas tenho quase certeza que isso vai muito mais longe do que um comum "deus abençoe nossa aula".

Afinal, o homem considera a liberdade de religião seu princípio fundamental para o convívio social, pelo menos desde 1948, quando a ONU a definiu :

"Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular."

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